Na próxima época que classificação conseguirá o FC Paços Gaiolo?

domingo, 9 de novembro de 2008

MJA - Modelo Jogo Adoptado

O primeiro passo de um treinador: Definição do Modelo de Jogo. O que é o modelo de jogo? Creio que, ao nosso nível, o Modelo de Jogo deve ser elaborado por um conjunto vasto de pessoas, sendo de primordial importância que todos os técnicos do clube sejam ouvidos e tenham poder de intervenção. Mas a estes, deveremos juntar todos os outros intervenientes do clube, a quem possamos reconhecer capacidade de intervir até porque cada clube tem características muito próprias, resultado da sua história, das suas condições estruturais, das suas ambições, da sua estabilidade financeira e directiva (ou falta dela …).
O que se deve incluir no modelo de jogo?Sendo o modelo de jogo o conjunto de princípios que conferem organização e são fundamentais para darem sentido à nossa equipa, devemos especificar esses princípios:1) A ideia dos intervenientes (treinadores e outros como já foi referido na resposta à 2ª questão: quem define o modelo de jogo?);2) Princípios e sub-princípios de jogo que conduzam à organização funcional da equipa;3) Características dos jogadores;4) Organização estrutural.
1) A ideia dos intervenientes:Será necessário aqui definir as linhas gerais do modelo de jogo. Que tipo de jogadores? Que objectivos de equipa? Que ambições? Que condições físicas e estruturais possuímos? Que tipo de futebol praticar (impositivo ou de contenção)? Que atitude competitiva dos atletas? Que tipo de organização colectiva?
2) Princípios e sub-princípios de jogo:Neste capítulo, é essencial definir o que cada jogador e a equipa têm de efectuar nos momentos de jogo: organização ofensiva; organização defensiva; transição ataque-defesa e transição defesa-ataque.É aqui que se devem descrever os comportamentos individuais e colectivos, aquando do ganho e da perda de bola e respectivos momentos de transição, nomeadamente: a definição da(s) linha(s) de pressão (decisiva para perceber, por exemplo, se se irá privilegiar o ataque apoiado e em segurança ou o ataque rápido/contra-ataque - uma linha de pressão alta com ganhos previsíveis no último terço do adversário não faculta espaço suficiente para se poder desenvolver contra-ataque; ao invés, uma linha de pressão mais “curta” impede “campo comprido” ao adversário, mas também à nossa equipa para desenvolver ataque organizado); o tipo de marcação ao adversário nas diferentes zonas do campo (em que zonas jogamos em marcação à zona, em resultado da inferioridade numérica – comum no primeiro terço do adversário que joga, normalmente, com 4 defesas contra os 3 avançados do “nosso” 1-4-3-3 - e em que zonas assumimos a marcação individual por nos encontrarmos em superioridade numérica em relação ao adversário – comum no nosso primeiro terço do campo pelo factor inverso do atrás expresso); a atitude mental dos atletas (rapidez na mudança de atitude defender/atacar e atacar/defender); o método de jogo ofensivo privilegiado (ataque apoiado e em segurança; ataque rápido/contra-ataque; futebol directo; …)
3) Características dos jogadores:Esta é uma das condições fundamentais para a definição do modelo de jogo e, dependendo do momento dessa definição, esta condição terá nuances diferenciadas.Assim, se a definição do modelo de jogo é elaborada antes da constituição do plantel, as características dos jogadores devem ser aquelas que melhor servem o modelo de jogo definido. Quando o modelo de jogo é elaborado depois do plantel estar concluído, é o modelo de jogo que terá de ser definido de acordo com as características dos atletas, tendo sempre presente que, no que ao ponto anterior diz respeito (princípios e sub-princípios de jogo), estes deverão estar sempre acima dos interesses/características individuais dos atletas, pois são a identidade do modelo de jogo que se elaborou com base nas características do clube e que deve ter sempre, e em qualquer circunstância, como uma das suas características principais e fundamentais a sobreposição do interesse colectivo face ao individual!
4) Organização estrutural:Aquilo que vulgarmente é, de forma incorrecta (como veremos a seguir), definido como sistema táctico, e que muitos entendem como o mais importante e até redutor quando definido enquanto modelo de jogo de clube, não deverá ser entendido dessa forma, na medida em que deverão ser definidas não só uma organização estrutural principal mas também uma outra alternativa, que, em alguns escalões, poderão ter a ordem invertida (e até mesmo ser adaptada) em função do ponto anterior - características dos jogadores. Assim, para além da definição da organização estrutural inicial e alternativa (os já referenciados sistemas tácticos que vão do tradicional 1-4-3-3 ao agora na moda 1-4-4-2 em losango, passando por outros que, ao serem definidos por alguns dos nossos comentadores, mais parecem números de telefone, como o 1-4-2-3-1), dever-se-ão definir: a forma como esses sistemas se adaptam aos vários sistemas tácticos que os adversários podem apresentar (jogando em 1-4-3-3, quem faz a marcação ao segundo ponta de lança adversário se a equipa opositora se apresentar em 1-4-4-2, por exemplo); as características individuais dos diferentes atletas por posição (por exemplo: que laterais pretendemos em função do nosso modelo de jogo - se são eles a fazer a marcação ao 2º ponta de lança deverão possuir como característica principal, a boa ocupação do corredor central e um bom sentido de marcação, mas se pretendemos que sejam eles a criar, ofensivamente, superioridade no seu corredor, já deverão possuir, como principal característica, um “bom pulmão” e elevada capacidade técnica, nomeadamente no gesto técnico cruzamento; no caso dos médios e no clássico 1-4-3-3, que triângulo vamos apresentar (1+2 ou 2+1); quem faz as compensações; quem executa, preferencialmente, os movimentos de ruptura; nos avançados, que movimentação preferencial se pede aos que actuam nos corredores; o ponta de lança deverá actuar de forma mais vertical, em apoios e sempre no enfiamento dos postes da baliza, ou deve procurar os corredores laterais, permitindo o aparecimentos dos outros dois avançados e/ou médio (s) ofensivo (s) no corredor central; …), linhas de passe (por atleta, em função do tipo de organização ofensiva definida - se queremos ataque apoiado em segurança, teremos de definir o passe curto como o mais adequado, exigindo, ainda assim, a obrigatoriedade, ou não, de mudança de zona e/ou corredor, mas se privilegiarmos o ataque directo teremos de definir linhas de passe mais longas e em ruptura) e movimentações colectivas preferenciais (por exemplo: mudanças de ritmos e de flanco, aquando do ganho da posse de bola, conseguindo com isso a criação de superioridade nos corredores ou o fecho de linhas de passe em largura e em profundidade, logo após a perda da posse de bola); jogadas estratégicas (da bola de saída aos vários livres – frontais, laterais, pontapés de canto – passando pelos lançamentos laterais);Resumindo: da mesma forma que jamais conseguiria escrever este texto, sem anteriormente ter definido os princípios a focar e a desenvolver, não consigo entender aqueles que conseguem treinar e jogar, sem primeiramente definirem, exporem e aplicarem um modelo de jogo, definindo, de seguida, um conjunto de exercícios que, indo ao encontro do modelo de jogo definido, o consubstanciem.
“Se queres fingir desordem para convencer os teus adversários e distrai-los, primeiro tens que organizar a tua ordem, porque só então podes criar um desordem artificial” – Suntzu “A arte da Guerra” – sec. IV a.c.

João Bento - treinador de Futebol (http://futebolviseu.blogspot.com/)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Crise de ... dirigentes desportivos


Numa época bastante difícil em termos económicos, a crise afecta de uma forma bastante séria os clubes desportivos, principalmente os mais pobres. No Futebol, por exemplo, há vários casos de instituições desportivas que acabaram por se extinguir. Algumas delas encerraram depois de terem atingindo resultados desportivos significativos, podemos dar como exemplo os casos do Cambres e do Castro Daire, no Futebol, ou mesmo os Unidos da Estação e os Unidos de Resende_97 que, depois de atingirem a 3ª divisão nacional, acabaram por desaparecer. Isto prova que o crescimento deve ser sustentado, gradual em termos de estrutura e organização. Por vezes é preferível adiar o êxito desportivo...
No contexto actual, o sucesso dos clubes passa pela planificação e operacionalização de ... projectos desportivos! Definição de objectivos e de formas de os atingir. Um exemplo de referência é o Viseu Futsal 2001 na modalidade de Futsal, um jovem clube que vem acumulando sucessos, fruto de um projecto desportivo bem definido. Parece-me que, tal como numa equipa técnica, uma estrutura directiva deve ter vários especialistas em determinadas áreas e um número de pessoas suficientes de forma a não sobrecarregar sempre os mesmos, o que mais tarde provoca saturação e o abandono por parte destas nobres pessoas que ainda mantêm vivos alguns clubes distritais. Nos pequenos clubes regionais é sempre possível desenvolver um bom trabalho. O êxito não tem de passar sempre pelas vitórias, pode também passar pelo número de praticantes que se possui, ou pelo número de escalões de formação que se tem em actividade, ou mesmo pela forma como determinado clube consegue mobilizar a população da sua área de acção. Só o DESPORTO é capaz disto e de muito mais...

Nota: ao referir o nome de alguns clubes não quero ferir susceptibilidades, mas sim dar a minha opinião

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Inter Futsal de Tarouca

Um novo clube de Futsal surgiu na cidade de Tarouca, estou a referir-me ao Inter Futsal Tarouca. O Lobo Ibérico faz parte da sua identidade, representa a união e a força de grupo. Certamente será mais uma equipa que ajudará no desenvolvimento da modalidade no distrito de Viseu. Entre outros aspectos, espera-se que traga qualidade desportiva e fair-play.
Pena os alegados desencontros de ideias, entre o Futebol e o Futsal, no Arguedeira União Desportiva. Por norma, nas instituições desportivas onde co-habitam as duas modalidades, o Futsal acaba por ser o "parente pobre". Há que realçar a coragem e o valor dos fundadores deste Inter. O DESPORTO, pelas potencialidades pedagógicas que possui, precisa de dirigentes como estes.
BOA SORTE...

sábado, 3 de maio de 2008

Análise Táctica (Freixieiro 5 - 2 Boavista)

Freixieiro: relativamente à organização ofensiva, a equipa de Matosinhos efectuou uma grande posse de bola, excelente circulação táctica, passagens por 3:1, por 2:2, futsal a 2 toques, inteligente e sem correrias desnecessárias...muita classe.
Defensivamente não houve, neste jogo, necessidade de grande empenho, mas foram notórias acções de acompanhamento e a apção por uma defesa alta.
Boavista: em ter ofensivos praticamente só usou as transições. Defensivamente optou por defender a partir do meio campo. O método defensivo utilizado foi a Defesa Mista (homem a homem com coberturas defensivas), mas o que se verificou foi muito mau para uma equipa de 1ª divisão, isto é: defensores a acompanhar virando as costas à bola e corredor central quase sempre com grandes aberturas...
Exige-se muito mais de um "Boavista" e de um treinador experiente como é Rui Pereira. Já não falo em zona pressionante, onde a referência deverá ser a bola, os colegas de equipa, o espaço, mas pelo menos numa defesa mista sem erros tão graves. O resultado acaba por ser muito bom para o Boavista.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Freixieiro x Boavista









O jogo do campeonato nacional da 1ª divisão de Futsal, Freixieiro x Boavista, será disputado, no dia 1 de Maio, no Pavilhão Municipal de Baião. Depois da equipa de Matosinhos ter realizado o seu estágio do período pré-competitivo no mesmo concelho, é mais uma oportunidade para as pessoas da região duriense assistirem a um espectáculo desportivo desta natureza.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Entrevista com Fabian Xavier - treinador juniores SMM


Terminado o Campeonato de Futsal da A.F.Viseu, quisemos saber como foi a experiência deste jovem treinador do São Martinho de Mouros. Fabian jogou as 2 últimas épocas nos juniores do SMM, sendo este ano o líder dos seus ex. colegas de equipa.
SD – Qual o balanço que fazes desta época desportiva?
F -
Como sabes os jovens têm uma capacidade incrível de aprender coisas novas e então aliando isso com o futsal podem acontecer coisas extraordinárias. Em termos tácticos os meus pestinhas, como gosto de os chamar, evoluíram muito e houve jogos que me surpreenderam pela positiva. Eram e são capazes de recriar em campo tudo aquilo que se faz nos treinos, o que me deixava muito feliz. Isto também tem o seu”quê” pois havia jogadores que estavam num patamar diferente de outros, já que haviam efectuado uma época e isso, parecendo que não, pode atrapalhar um pouco a aprendizagem dos novos jogadores.
Em termos classificativos penso que poderíamos ter feito um pouco mais pois temos valor para isso, mas mesmo assim estou muito contente pois não é todos os dias que num campeonato de juniores, uma equipa de quase só juvenis consegue fazer 16 pontos e num escalão de formação eu desvalorizo resultados. Digamos que no geral estou muito satisfeito.

SD – A tua experiência como jogador foi importante?
F - Sim. Eu digo que esta minha decisão de ter aceite ser treinador deve-se muito a essa experiência, pois nos meus dois anos como jogador aprendi muito sobre futsal, modalidade que praticamente desconhecia. Desde então fiquei fascinado, pois não é apenas um jogo de cinco contra cinco onde o que conta é o físico, mas sim um jogo muito táctico em que a concentração, inteligência e o ser oportunista são o que eu considero as principais características. Eu era daqueles jogadores que estava sempre muito atento ao que o treinador dizia e então fui assimilando o básico sobre futsal, coisas que toda a gente faz quando joga, mas ninguém sabe o que é. Em casa via e revia o Modelo de Jogo Adoptado, em Power Point, processos defensivos e ofensivos, transições defesa-ataque, no fundo, todo um conteúdo que era novidade para mim. Com muita motivação e “trabalho de casa” lá consegui aprender tudo e com muito gosto transmitir aquilo que sabia.

SD – Indica-nos as principais características/competências de um treinador de jovens.
F - Eu penso que um treinador de jovens deve ser sobretudo persuasivo, seguro daquilo que diz, muito paciente e deve conseguir também cativar a atenção dos seus atletas. Eu tentei sempre dar o treino de forma a não ser um aborrecimento para os rapazes, pois quanto mais motivados eles estivessem, mais aprenderiam e assim, o conteúdo do futsal, era assimilado de uma maneira mais rápida e eficaz. Se pensarmos bem, treinar jovens é bem capaz de ser uma tarefa mais árdua do que jogadores seniores porque nós somos o exemplo, no pensamento deles, nós não podemos falhar e então temos uma responsabilidade acrescida.
Em jeito de conclusão podemos dizer que um treinador de jovens deve fundamentalmente ensinar, preparar e mais importante ainda, Educar.

SD – Em termos de metodologia de Treino, há alguma relação com a equipa sénior no que diz respeito ao Modelo de Jogo Adoptado (MJA)?
F - Sim. O nosso principal objectivo (treinadores e direcção) é formar jogadores para mais tarde actuarem nos seniores e por isso tivemos e continuaremos a adoptar o MJA da equipa sénior. Não quer isso dizer que a nossa forma de operacionalizar o treino fosse exactamente igual ao dos seniores, mas parte dele relaciona-se em vários aspectos. Temos de pensar desta forma, em vez de perdermos tempo a contratar novos jogadores e ensinar tudo sobre futsal desde início, optamos por começar com jovens para que estes tenham já a experiência do futsal quando chegarem ao escalão principal e assim poder evoluir no sentido de aperfeiçoar qualidades técnicas e tácticas.

SD – Viseu Futsal é um justo vencedor?
F -
Para mim havia duas equipas que tinham valor acima da média – Viseu Futsal e ABC Nelas. As duas mostravam muito rigor táctico e muita qualidade de jogo, mas o Viseu Futsal acabou por se impor nos dois encontros em que se defrontaram. Penso que seja um justo vencedor pois para além dos pontos que acima referi, estes tinham já muita experiência na modalidade, muita perfeição táctica e eram excelentes tecnicamente e então isto sobrepôs-se às outras equipas. Outro ponto a referir e ao qual demonstro a minha resignação, é o facto de a direcção desta equipa ter optado por jogadores estrangeiros neste escalão. Eu acho que se deve dar prioridade aos atletas portugueses em todas as situações, quer seja escalões de formação ou sénior mas principalmente nos primeiros, pois é uma forma de jogadores com muito talento se mostrarem e de se verificar que temos muitos habilidosos no nosso país que podemos aproveitar.

SD – Que perspectivas tens relativamente ao futuro da equipa?
F - Eu não podia ter uma perspectiva melhor! São muito jovens, gostam de futsal, são motivados e têm tudo para poderem evoluir na modalidade. O facto de muitos deles serem ainda juvenis dá-lhes uma margem de progressão muito grande e com isto a”promessa” de uma equipa muito forte. Penso que esta equipa, este grupo, tem tudo para ser um clube de vencedores e porque não pensar em voos mais altos? Claro que sem trabalho não se consegue nada mas eu acredito neles e eles sabem disso. Sabem que podem ser grandes mas também já estão mais que avisados que quem sonha muito alto pode perder-se pelo caminho e por isso têm de ter os pés bem assentes na terra. No geral eles têm tudo para evoluir em todos os aspectos, temos de aguardar e ver o que vai sair dali.

SD – Na próxima época tens intenção de dar continuidade ao teu trabalho?
F - Eu adorei esta experiência como treinador, senti realmente o que é estar do outro lado e certamente que gostava de repetir. Mas por outro lado gosto ainda mais de jogar, tenho o que se chama “bichinho do futsal”, e gostava de poder jogar mais uns anos porque além disso também eu sou muito novo (19 anos). Agora tudo depende pois a minha vida de estudante ocupa-me grande parte do tempo e por isso estou dependente de horários. Se tiver tempo de frequentar os treinos da equipa sénior, teria todo o gosto em jogar outra vez e ajudar a equipa do meu coração, caso contrário gostaria de continuar o meu trabalho no escalão júnior. Uma situação engraçada que já me aconteceu foi um árbitro ter-me comparado ao meu pai, pois ele já anda no desporto com este clube há muitos anos, quer como jogador quer como treinador e dirigente e então relacionam-me com ele porque não largo a minha paixão por nada.

SD – Achas que as pessoas reconhecem a importância dos escalões de Formação?
F - Eu acho que cada vez mais e ainda bem que isso acontece. Antes o pensamento do senso comum era o de que a existência de escalões de formação servia somente para ocupar o tempo dos jovens, mas hoje em dia as pessoas já reconhecem que é muito importante para o futuro do clube haver escalões. Elas entendem cada vez mais o interesse disso e penso que é bom porque mesmo que a classificação da equipa não seja a melhor, elas apoiam-nos incondicionalmente e não nos julgam por essa razão. Eu sempre achei que em tudo existe uma fase de adaptação e apesar de os adeptos do clube terem demorado o seu tempo, já encaram esse facto de forma diferente. Não sei se o clube pensa em apostar nos escalões mais baixos mas na minha opinião seria uma mais-valia para o clube e instituição que ele representa. Só traz vantagens e isso é um orgulho para a vila de S. Martinho de Mouros.

SD - Como são os teus microciclos: defines conteúdos tácticos, físicos e técnicos, objectivos, critérios de êxito? Dá-nos uma ideia da forma como trabalhas
F - Como já referi o método de treino que utilizo tem muito de semelhante com o dos seniores, pelas várias razões que expus. Então, assim como o treinador da equipa principal, eu defino linhas pelas quais temos de nos orientar. O clube tem delineado um Modelo de Jogo Adoptado (MJA) que podemos traduzir como sendo todo o conteúdo que engloba a parte táctica da equipa, por exemplo, a circulação táctica. Os meus treinos passavam muito pela insistência sobre esses mesmos conteúdos, o que é normal, já que o nosso principal objectivo é formar jogadores para actuarem nos seniores com alguma experiência em futsal. Temos que lhes dar uma base forte para eles mais tarde evoluírem também pormenores técnicos e aptidões físicas. Sendo assim eu associava todos os outros objectivos em volta do conteúdo táctico. Por exemplo, fazia exercícios, predefinindo os critérios de êxito, em que juntava a parte física com outros conteúdos como transições. Actividade que despende muita energia e por isso permite trabalhar da melhor maneira. Eu sou apologista (e aprendi isto com uma pessoa que me ensinou muito sobre esta modalidade) de que a parte física do futsal deve ser treinada em conjunto com outros objectivos porque associando-os, além de ganharmos tempo, gozamos esse aproveito para termos a bola no pé permitindo assim evoluir as capacidades técnicas de cada um.
Entre outras coisas treinávamos também um pouco de jogadas estudadas como cantos, livres, saídas de jogo e de pressão, etc. Também posso dizer que treinava em função do adversário pois conhecendo a sua forma de actuar em campo era mais fácil para nós delinear o mais importante, mas uma das coisas, para mim essenciais, e que eu fazia todos os treinos a seguir aos jogos, era falar com os jogadores (não em jeito de monólogo mas sim um diálogo) sobre o jogo anterior, delimitando o que falhou no jogo, o que funcionou, aspectos positivos e negativos, obrigando os rapazes a pensar e a entender o que estava errado, pois compreendendo aquilo que estava mal, era mais fácil corrigir.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Rui Costa e o "pensamento do nosso Futebolês"


Esta semana muito se fala no substituto de Deco na Selecção Nacional de Futebol. Sem querer pôr em causa o valor futebolístico do jogador brasileiro, parece-me que o afastamento, precoce, do maestro da selecção de todos nós foi mais um tiro nos pés, bem à "futebol português"...
Como todos sabemos, em Portugal, um jogador a partir dos 30 anos deixa de ter valor para jogar na liga portuguesa, sendo dispensado dos melhores clubes e ridicularizado, desvalorizado, por adeptos, jornalistas, treinadores e claro...dirigentes! Mas, se formos analisar as melhores ligas da Europa, como a inglesa, espanhola ou italiana, verificamos que os atletas continuam a jogar, ao seu melhor nível, muito para lá dos 30 anos, terminando as suas carreiras, ainda no topo, perto da casa dos 40 anos. Resta dizer que estes campeonatos são jogados a intensidades muito mais altas do que aquilo que se joga (?) por cá...
Mas afinal, os jornalistas desportivos (PORTUGUESES) têm conhecimentos biológicos para pôr em causa o valor dos atletas? Conhecem estudos científicos sobre capacidades físicas? Não me parece...
- Os jogadores perdem velocidade? A maioria deles nunca foram rápidos (tal como P.Barbosa)...
- Perdem performance aeróbia? Então como se explica que os melhores maratonistas do mundo consigam as suas melhores marcas perto dos 40 anos?
O que todos sabemos, pelo senso comum, é que um atleta veterano sabe dosear o esforço, sabe posicionar-se melhor em campo e compreende melhor o jogo...
Alguns exemplos:
PORTUGAL
João Pinto - 32 anos (dispensado Sporting)
Sá Pinto - 33 anos (dispensado Sporting)
Rui Jorge - 31 anos (dispensado Sporting)
Pedro Barbosa - 34 anos (dispensado Sporting)
Jorge Costa - 33 anos (dispensado FCPorto)
Domingos - 32 anos (dispensado FCPorto)
Cadete - 32 anos (dispensado Benfica)
Paulo Bento - 33 anos (dispensado Sporting)
Oceano - 34 anos (dispensado Sporting)
Vitor Baía - 36 anos (dispensado FCPorto)
Beto Acosta - 33 anos (dispensado Sporting)
Helder - 32 anos (dispensado Benfica)
ITÁLIA, ESPANHA, INGLATERRA, etc
Figo - 35 anos (no activo AC Milan)
Donato - 40 anos (D.Corunha)
Maldini - 40 anos (no activo AC Milan)
Giggs - 35 anos (no activo M.United)
Scholes - 35 anos (no activo M.United)
Inzagui - 36 anos (no activo AC Milan)
Van Der Sar - 37 anos (no activo M.United)
Fernando Couto - 39 anos (no activo Parma)
G.Redes Lazio - 43 anos
Larson - 38 anos (Barcelona)
Então? Alguma coisa está mal neste processo de análise que é feita aos atletas portugueses, em Portugal!
Bem, se Liedson (31 anos) fosse português...podia ir fazendo as malas...
Terminou há pouco tempo o Portugal 1-2 Crécia (2 golões de Karagounis). Nem de propósito: Karagounis (32 anos), aquele que o Benfica "deixou" sair para a Grécia, há bem poucos meses era rotulado, por comentadores desportivos,? de lento, sem fulgor, ultrapassado!! Para o Benfica não serviu, se fosse português já não jogava na selecção. Vi também o guarda-redes da Grécia (não me atrevo a escrever o nome), tem 36 anos. Eu pergunto: e Vitor Baía? Este deixou o futebol, pois foi "empurrado" para o banco com a mesma idade do seu homólogo grego, enfim...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Selecção Sub-19 A.F.Viseu (Futsal)

Torneio Inter-associações, Ericeira 2008 - 5º lugar

- Ricardo Manuel Silva Fernandes (ABC Nelas)
- Tiago Filipe Silva Carvalho (ABC Nelas)
- André Filipe Campos Monteiro (Balsa-Nova)
- Diogo Nuno Martins Portas Matias (Balsa-Nova)
- Luís António Cunha Fernandes (Balsa-Nova)
- Fernando Manuel Pimpão Rodrigues (Viseu Futsal)
- Vítor Gomes Sequeira (Viseu Futsal)
- André Filipe Figueiredo Nogueira (Ass.Acad.Viseu)
- João Filipe Santos Silva (AJAB Tabuaço)
- João Filipe Fonseca Castro (AJAB Tabuaço)
- Mário Filipe Pereira Miranda (AJAB Tabuaço)
- André Filipe Rodrigues Guedes (AJAB Tabuaço)

Estes foram os maiores protagonistas, mas há que realçar o trabalho dos colegas que participaram nos trabalhos desta Selecção. O êxito é de todos...!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Iniciados G.D.Resende - Campeões Distritais (Zona Norte)

Formar jovens futebolistas, não é o mesmo que treinar equipas seniores. Para trabalhar com crianças e jovens, não basta dominar conteúdos técnico-tácticos ou conhecer os Princípios do Treino Desportivo. Além destes conhecimentos, o treinador/educador tem de possuir outras competências, tais como pressupostos didácticos e pedagógicos, para com eles proceder correctamente ao ensino/treino do Futebol.
Wein (1995) diz-nos: “É necessário adaptar o jogo à criança e não obrigar o jovem futebolista a adaptar-se ao jogo dos adultos”. Queiroz (1983) vai mais longe e refere: “em Desporto aperfeiçoamos a criação mais aperfeiçoada da natureza: o Homem”. De facto, o DESPORTO tem potencialidades pedagógicas enormes, embora, infelizmente, nem sempre as mesmas lhe sejam reconhecidas...
Na Formação Desportiva os resultados nunca deverão ser o principal objectivo a atingir, mas são eles que acabam por dar alguma visibilidade às equipas e aos próprios atletas e clubes. O sucesso destes Iniciados é um trabalho de anos que agora deu novamente frutos: PARABÉNS!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Evolução do Futsal no Distrito Viseu

Tomei contacto com o Futsal em 2001-2002 nos campeonatos de juvenis e juniores, como treinador. Depois só em 2004-2005 voltei, mas desta vez para o campeonato sénior. Pessoalmente penso que tem havido uma constante evolução na modalidade, principalmente em termos qualitativos. Parece-me igualmente que houve um crescimento qualitativo muito acentuado a partir da altura em que a A.F.Viseu promoveu os Cursos de Treinadores de Futsal. Daí para cá, cada vez mais equipas jogam Futsal, utilizando acções táctico-técnicas específicas da modalidade...
Gostaria que os visitantes adeptos de Futsal se pronunciassem sobre esta temática.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Formação Desportiva: características das crianças dos 8-10 anos

A Formação Desportiva do jovem é um trabalho a longo prazo que não pode efectuar-se fora do respeito pelas etapas de desenvolvimento do indivíduo. A evolução motora, psicológica e sócio-afectiva, das crianças e jovens, desenrolam-se de acordo com etapas e leis biológicas bem definidas.
Esta evolução traduz um processo constante mas ao mesmo tempo descontínuo, por ciclos, onde cada um destes apresenta uma caracterização específica e diversificada. A caracterização é que permite apontar as etapas do desenvolvimento do ser humano e que, no caso da criança e do jovem, genericamente se aceita serem:
- primeira infância: nascimento – 3 anos;
- segunda infância: 3 anos – 7 anos;
- terceira infância: 7/8 anos – 12/13 anos, que compreende 2 períodos:
- 7/8 anos – 10/11 anos;
- 10/11 anos – 12/13 anos.
- puberdade: 12/13 anos – 15 anos.

TERCEIRA INFÂNCIA (8 – 10 ANOS)

Desenvolvimento Motor:
- grau de desenvolvimento esquelético é moderado e estável;
- volume do coração é muito mais pequeno em relação ao resto do corpo do que em qualquer outro período de crescimento;
- esqueleto, particularmente ao nível das cartilagens articulares, está longe da máxima resistência ao esforço, encontrando-se numa fase de evolução activa;
- massa muscular representa uma pequena percentagem do peso do corpo da criança. As suas possibilidades de Força são fracas;
- boa capacidade de aprendizagem;
- gosto pelo movimento, pelo jogo e pelas actividades físicas;
- fraca capacidade de atenção / fraca possibilidade de integração e de retenção de conteúdos;
- boa capacidade de imaginação;
- pensamento concreto e o pensamento egocêntrico;
- gostam de ser o centro das atenções;
- constituição física equilibrada e harmoniosa, havendo poucas diferenças entre os rapazes e as raparigas;
- boa predisposição para os esforços muito curtos e intensos;
- boa predisposição para o desenvolvimento da flexibilidade e da velocidade de reacção;
- boa predisposição para o desenvolvimento das capacidades coordenativas.
BIBLIOGRAFIA
- Lima, T.; Alberto, C.; Gonçalves; Coelho, O.; Longo, C.; Raposo, V.; Vieira, J.; Almeida, J. P. (1989). Manual do Monitor. Lisboa: Grafispaço Lda.

- Pacheco, R. (2001). O ensino do futebol de 7. Porto: Grafiasa.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Periodização Táctica


Algumas considerações (princípios orientadores):

. a Componente Táctica comanda todo processo de treino. As outras componentes (física, técnica, psicológica e cognitiva) deverão surgir em função das exigências do Modelo de Jogo Adoptado (MJA);
. trabalhar com intensidades altas relativas;
. o volume (tempo de execução do exercício) nunca prejudica a intensidade (velocidade de execução do exercício);
. operacionalizar o Princípio da Especificidade do MJA (exercícios “idênticos” às situações de jogo);
. exercícios motivadores/lúdicos, sempre com competição de forma a promover os níveis de Concentração;
. "estar em forma" é cumprir as exigências do Modelo de Jogo Adoptado (MJA) e não, apenas, estar bem fisicamente;
. Planificação Táctica Semanal (MJA / Sub.Modelo Táctico-estratégico em função do próximo adversário).
. atender aos processos de Recuperação jogos/treinos (estiramentos/exercícios aeróbios);