Não sou agarrado a conceitos. No entanto, aquilo que leio faz-me reflectir sobre assuntos que para muitos são conceitos transformados em verdades absolutas. Desculpem-me os que são crentes, mas para nós não passam de vocabulário desactualizado.Refiro-me a conceitos como treino físico, preparação física, pastas de preparação física, entre outros. Não critico quem pensa desta forma. Critico quem compara o nosso processo com outros processos. Os processos de treino e competição são todos diferentes. Para nós é uma questão de concepção, mas mais do que isso é uma questão de “operacionalização”. Começo por dizer o que tenho dito noutras alturas: não tenho preparador físico, pelo que não posso ter pastas de preparação física, pois como líder responsável pelo processo não teria pasta para lhe dar! Tenho sim colaboradores no processo de treino e jogo, com funções muito específicas, de acordo com as necessidades de gestão de uma época longa. Tudo se relaciona com a forma como treinamos. Não temos espaço para o treino físico, isto é, não temos espaço para os tradicionais treinos de resistência, força ou velocidade. É tudo uma questão de comportamentos! Exercitamos o nosso modelo de jogo, exercitamos os nossos princípios e subprincípios de jogo, adaptamos os jogadores a ideias comuns a todos, de forma a estabelecer a mesma linguagem comportamental. Trabalhamos exclusivamente as situações de jogo que me interessam, fazemos a sua distribuição semanal de acordo com a nossa lógica de recuperação, treino e competição, progressividade e alternância. Criamos hábitos com vista à manutenção da forma desportiva da equipa, que se traduz por um frequente “jogar bem”.Sei que é uma questão difícil de desmontar sob o ponto de vista cultural. Além do mais existem pessoas, por direito próprio, a pensar de forma radicalmente oposta. Mesmo para os que dizem treinar com situações de jogos reduzidos, porque mesmo esses vivem agarrados e obcecados com tempos de exercitação, de repouso, repetições, etc. Todas estas questões são para nós “acessórias”. O que é crucial é mesmo o conteúdo de princípios de jogo inerentes a cada exercício e a relação interactiva que estabelecemos com o mesmo. O que é mesmo fundamental é entender que aquilo que procuramos é a qualidade de trabalho e não a quantidade, treinar para jogar melhor.
José Mourinho, na revista Record DEZ de 15 de Outubro de 2005
Publicada por Nuno Amieiro em http://falemosfutebol.blogspot.com
3 comentários:
José Mourinho tem uma aptidão própria para preparar, organizar e gerir, quer física quer mentalmente, os seus jogadores. É-lhe característico o seu rigor táctico e uma determinação "sui generis". O seu rigor táctico que promove não é sinónimo de autoridade, ou do simples emissor/receptor, mas antes uma "descoberta guiada" em que os jogadores tentam encontrar as melhores formas de jogo através de pistas dadas pelo treinador. Constrói situações de treino em que os jogadores têm de descobrir o caminho. Os jogadores têm de ter ideias próprias, opinar sobre o que pode ou não ser melhorado e defender as suas ideias. A particularidade é que é tudo conversado, discutido e falado até chegar a conclusões.
Daí ele falar na relacção interactiva que estabelece com cada treino ou exercício na construção do jogo.
oncordo plenamente com Mourinho, quando se refere à importancia suprema daquilo em que se acredita para aqueles jogadores, naquele contexto e aquilo em que se acredita que eles sejam capazes de atingir/superar/manter.
IMportante referir que a mentalidade ganahdora, em cada momento do treino é fundamental, quando se trabalha não se facilita, como se fosse o ultimo passe, o ultimo remate, mas isso acarreta problemas emocionais e sensoriais que é bastante complicado gerir durante um ano, trabalhar nos limites do rigor tactico implica personalidade, treina-se, mas tem de se dominar várias áreas do saber...o trabalho nunca acaba, é de 24 horas por dia...quantas vezes acordo e levanto-me para por no papel o que acredito....Parabens Mourinho por seguir a convicção, acima de tudo o que possam pensar ou dizer...
oncordo plenamente com Mourinho, quando se refere à importancia suprema daquilo em que se acredita para aqueles jogadores, naquele contexto e aquilo em que se acredita que eles sejam capazes de atingir/superar/manter.
IMportante referir que a mentalidade ganahdora, em cada momento do treino é fundamental, quando se trabalha não se facilita, como se fosse o ultimo passe, o ultimo remate, mas isso acarreta problemas emocionais e sensoriais que é bastante complicado gerir durante um ano, trabalhar nos limites do rigor tactico implica personalidade, treina-se, mas tem de se dominar várias áreas do saber...o trabalho nunca acaba, é de 24 horas por dia...quantas vezes acordo e levanto-me para por no papel o que acredito....Parabens Mourinho por seguir a convicção, acima de tudo o que possam pensar ou dizer...
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