Na próxima época que classificação conseguirá o FC Paços Gaiolo?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

As escolhas de Queirós e a mentalidade portuguesa

Provavelmente Carlos Queirós escolheu os 24 jogadores que irão representar 10 milhões de portugueses, baseando-se na sua metodologia, num determinado perfil, em objectivos definidos nas selecções, no seu plano de trabalho, num modelo de jogo definido, no conhecimento (muito para lá do nosso) dos atletas e em tantas outras coisas que o adepto comum não entende...

Portugal é um país com uma cultura futebolística enraizada e onde todos "pensam" serem grandes conhecedores desta complexa modalidade. O desconhecimento faz com que a autopercepção seja bastante limitada e errada....

No entanto, vestindo o papel de treinador de bancada, pessoalmente, tenho pena das ausências de Quim, Maniche e Nuno Gomes!! Nunca entendi esta cultura do "futebolês português", onde os nossos melhores executantes são "arrumados" a partir dos 30 anos: jornalistas, adeptos, directores e até alguns treinadores apelidam-nos de velhos, lentos, sem velocidade, cansados, ultrapassados... e outras asneiras ditas sem base científica.
Mas atenção: SÓ EM PORTUGAL SE PENSA ASSIM!!
A Itália, a Espanha, a Inglaterra, por exemplo, têm as melhores ligas da Europa, onde a intensidade de jogo e treino é muito mais alta do que a portuguesa...e lá os atletas jogam ao mais alto nível até perto dos 40 anos (Zanneti, Giggs, Scholes, Figo, Maldini, Couto, Baresi, Van Der Sa, Cafú, etc.) . É evidente que estes atletas ocupam melhor os espaços, são conhecedores do jogo, podem corrigir desempenhos dos mais novos, sabem dosear melhor o esforço, garantem estabilidade emocional...são, no fundo, uma extensão do treinador dentro do campo.
Derlei
Por cá, todas as épocas podemos ver os nossos clubes a abdicar de grandes jogadores, com grande rendimento, apenas porque têm 33 ou 34 anos. A época passada temos, por exemplo, Derlei (é dispensado do Sporting numa das suas melhores épocas em Portugal). Que falta fizeste...Derlei!

Nuno Gomes

- encaixa perfeitamente na forma como Portugal actua: os nossos extremos (Simão, Nani...) são homens que fazem diagonais com a bola e aparecem na zona da finalização. Nuno Gomes é perfeito a abrir espaços e a jogar sem bola;

- esteve anos na sombra de Pauleta e apesar de jogar pouco marcou golos, nas fases finais de campeonatos da Europa e do Mundo, que nenhum português se esquece;
- é o 4º melhor marcador de Portugal, só superado por Pauleta, Eusébio e Figo, respectivamente
- tem experiência e seria muito importante também no balneário...


Quim:
- campeão português pelo Benfica, titular no seu clube, muitos anos de selecção, um guarda-redes regular e com grande qualidade...


Maniche
- quem não se lembra do triângulo do meio campo português formado pelo "6" Costinha, do "8" Maniche e do "10" Deco? Estes 3 homens eram exímios na interpretação da Zona Pressionante, na aplicação dos 3 primeiros princípios de jogo defensivos: contenção (os comentadores da TV chamam-lhe erradamente "cobertura"; cobertura defensiva; equilíbrio). Esta era a razão do meio campo do F.C.Porto de Mourinho e da Selecção Nacional não deixar jogar o adversário, encurtando constantemente o espaço e o tempo ao portador da bola e aos apoios mais perto. Maniche fez sempre excelentes fases finais, golos decisivos, capacidade de trabalho fantástica, jogando de área a área. À custa disso foi escolhido para o onze ideal desses torneios...se fosse de outra nacionalidade estaria certamente na sua selecção...

1 comentário:

JF disse...

"se partir uma unha, vão dizer que estou velho" desabafo do Rui Costa às críticas da comunicação social e adeptos.
Como dizia Mourinho "em Portugal treina-se muito (volume) e joga-se pouco", mas uma "boca" às desculpas de jogarmos às 5ª na Europa e já não rendemos no Domingo em Campeonato Nacional