Na próxima época que classificação conseguirá o FC Paços Gaiolo?

domingo, 30 de maio de 2010

Carlitos: um "10" exímio na posição "6"

Aos 15 anos já jogava nos seniores e a sua qualidade fazia a diferença, perspectivando-se uma carreira muito para lá dos distritais...
A sua capacidade técnica é extraordinária e são poucos os profissionais com um domínio técnico idêntico ao seu. Remate fortíssimo, excelente leitura de jogo (com e sem bola), bom jogo aéreo e capacidade para segurar a bola, são algumas das suas características. A sua posição habitual sempre foi nas costas do (s) avançado(s).
Tal como o G.D.Resende, vinha de uma época 08/09 medíocre. Descida de divisão, por vezes incompreendido pelo treinador, vítima do modelo de jogo da equipa, pricipalmente do seu processo defensivo que obrigava a ter muita gente atrás da linha da bola, e claro ... dos próprios resultados...
No entanto, a época 09/10 foi para o Carlitos um ano de afirmação numa nova posição, a de médio defensivo. Sem tirar mérito aos colegas, poderei afirmar tratar-se de um dos 2 jogadores mais difíceis de substituir. A sua capacidade de aprendizagem táctica é de facto notável e faz dele um extraordinário jogador de Futebol. O facto do G.D.Resende acabar o campeonato com a 2ª melhor defesa da prova, passou muito pelo desempenho defensivo do Carlitos: protecção aos centrais, dobras aos laterais, coberturas defensivas aos médios mais adiantados e um jogo posicional fantástico.

No processo ofensivo, Carlitos tinha como função criar o primeiro apoio (curto) aos seus laterais, o que fazia com sucesso devido à sua facilidade em jogar com défice de espaço e tempo. Outra responsabilidade que lhe estava atribuída era manter a ligação entre os sectores: desta forma, mesmo antes da equipa perder a bola, os sectores estavam ligados. O facto do G.D.Resende sofrer apenas 1 ou 2 golos em situações de transição ataque-defesa, passou pela excelente interpretação deste pequeno/grande pormenor por parte do Carlitos.
Em suma, grande época de um atleta que nunca falta a um treino e que, ainda, possui a motivação de um miúdo de 10 anos para "jogar à bola".

Também pode jogar a "10" numa equipa que lute claramente pelos primeiros lugares e não tenha necessidade de jogar com linhas tão recuadas como o Resende desta época. A médio defensivo é um atleta perfeito na leitura tática, principalmente a fechar espaços (o que nem todos os adeptos de Futebol conseguem ver e consequentemente valorizar).

Normalmente os jogadores de características mais ofensivas, vão recuando no terreno com o avançar da idade. Erradamente, na minha opinião, diz-se que perdem capacidades físicas!!?! Como se jogar a médio defensivo, por exemplo, fosse menos exigente que outra posição!?? Isso dependerá sempre do MJA da equipa. Normalmente quem diz isto nada sabe sobre capacidades motoras. A mim parece-me que esse recuo está relacionado com um maior conhecimento do jogo e uma consequente maior competência para jogar mais atrás, onde a margem de erro é muito mais reduzida: errar um passe perto da nossa área é mais perigoso do que perder uma bola na área do adevrsário...

Carlitos é ainda muito novo, tem apenas 23 anos mas joga como se já tivesse 30. A sua competência está claramente à frente da sua idade biológica!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

As escolhas de Queirós e a mentalidade portuguesa

Provavelmente Carlos Queirós escolheu os 24 jogadores que irão representar 10 milhões de portugueses, baseando-se na sua metodologia, num determinado perfil, em objectivos definidos nas selecções, no seu plano de trabalho, num modelo de jogo definido, no conhecimento (muito para lá do nosso) dos atletas e em tantas outras coisas que o adepto comum não entende...

Portugal é um país com uma cultura futebolística enraizada e onde todos "pensam" serem grandes conhecedores desta complexa modalidade. O desconhecimento faz com que a autopercepção seja bastante limitada e errada....

No entanto, vestindo o papel de treinador de bancada, pessoalmente, tenho pena das ausências de Quim, Maniche e Nuno Gomes!! Nunca entendi esta cultura do "futebolês português", onde os nossos melhores executantes são "arrumados" a partir dos 30 anos: jornalistas, adeptos, directores e até alguns treinadores apelidam-nos de velhos, lentos, sem velocidade, cansados, ultrapassados... e outras asneiras ditas sem base científica.
Mas atenção: SÓ EM PORTUGAL SE PENSA ASSIM!!
A Itália, a Espanha, a Inglaterra, por exemplo, têm as melhores ligas da Europa, onde a intensidade de jogo e treino é muito mais alta do que a portuguesa...e lá os atletas jogam ao mais alto nível até perto dos 40 anos (Zanneti, Giggs, Scholes, Figo, Maldini, Couto, Baresi, Van Der Sa, Cafú, etc.) . É evidente que estes atletas ocupam melhor os espaços, são conhecedores do jogo, podem corrigir desempenhos dos mais novos, sabem dosear melhor o esforço, garantem estabilidade emocional...são, no fundo, uma extensão do treinador dentro do campo.
Derlei
Por cá, todas as épocas podemos ver os nossos clubes a abdicar de grandes jogadores, com grande rendimento, apenas porque têm 33 ou 34 anos. A época passada temos, por exemplo, Derlei (é dispensado do Sporting numa das suas melhores épocas em Portugal). Que falta fizeste...Derlei!

Nuno Gomes

- encaixa perfeitamente na forma como Portugal actua: os nossos extremos (Simão, Nani...) são homens que fazem diagonais com a bola e aparecem na zona da finalização. Nuno Gomes é perfeito a abrir espaços e a jogar sem bola;

- esteve anos na sombra de Pauleta e apesar de jogar pouco marcou golos, nas fases finais de campeonatos da Europa e do Mundo, que nenhum português se esquece;
- é o 4º melhor marcador de Portugal, só superado por Pauleta, Eusébio e Figo, respectivamente
- tem experiência e seria muito importante também no balneário...


Quim:
- campeão português pelo Benfica, titular no seu clube, muitos anos de selecção, um guarda-redes regular e com grande qualidade...


Maniche
- quem não se lembra do triângulo do meio campo português formado pelo "6" Costinha, do "8" Maniche e do "10" Deco? Estes 3 homens eram exímios na interpretação da Zona Pressionante, na aplicação dos 3 primeiros princípios de jogo defensivos: contenção (os comentadores da TV chamam-lhe erradamente "cobertura"; cobertura defensiva; equilíbrio). Esta era a razão do meio campo do F.C.Porto de Mourinho e da Selecção Nacional não deixar jogar o adversário, encurtando constantemente o espaço e o tempo ao portador da bola e aos apoios mais perto. Maniche fez sempre excelentes fases finais, golos decisivos, capacidade de trabalho fantástica, jogando de área a área. À custa disso foi escolhido para o onze ideal desses torneios...se fosse de outra nacionalidade estaria certamente na sua selecção...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Transição defesa-ataque


Caracteriza-se por:

- utilização de métodos de jogo defensivos em que os jogadores se posicionam e se concentram muito perto da sua baliza (para convidar o adversário a subir no terreno);
- simplicidade do processo ofensivo (reduzido número de jogadores intervenientes).


Imediantamente após a recuperação da posse da bola:

- mudança rápida de atitudes e comportamentos tático-técnicos individuais e colectivos;
- rápida transição da zona de recuperação da bola para zonas predominantemente de finalização;
- reduzido tempo de elaboração/construção do processo ofensivo;
- predomínio de passes em profundidade (1º e 2º toque);
- predomínio de desmarcações directas e de ruptura;
- resolução de situações de 1x1 em velocidade.


Aspectos favoráveis:

a rápida transição de atitudes e comportamentos, cria condições de instabilidade no processo defensivo do adversário (o adversário não tem tempo para se reorganizar defensivamente);
- a movimentação dos jogadores, preferencialmente de trás para a frente da linha da bola, aumentando as dificuldades de marcação;
- contínua modificação do ângulo de ataque (condições favoráveis de espaço)


Aspectos desfavoráveis:

- elevada velocidade de execução tático-técnica, implica maiores probabilidades de perda da bola;
- os jogadores encontram-se quase sempre em situações de igualdade ou inferioridade numérica, o que exige elevados níveis de eficiência nas situações de 1x1 e 1x2;
- menor grau de coesão, de solidariedade (método de jogo demasiado individual) e ainda menor cobertura nas situações de jogo;
- rápido desgaste físico dos jogadores (principalmente os atacantes);
- utilização de métodos de jogo defensivos onde se verifica uma grande concentração de jogadores perto da sua baliza, o que implica maior risco na recuperação da bola.

 
Bibliografia:
adaptado de Jorge Castelo